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O impacto da subida das taxas de juro na UE

A subida das taxas de juro na União Europeia tem vários impactos na economia da região.

Tanto positivos quanto negativos, dependendo do contexto económico.

Impactos positivos:

  • Controlo da inflação: Os bancos centrais aumentam as taxas de juro para conseguirem controlar a inflação. Se subir de forma muito rápida, aumentar as taxas de juro pode ajudar a desacelera-la, mantendo a estabilidade dos preços e protegendo o poder de compra dos mesmos;
  • Atração de investimento estrangeiro: Taxas de juro mais altas podem tornar os ativos financeiros na UE mais atraentes para investidores estrangeiros que procuram retornos mais altos. Isto pode resultar num influxo de capital estrangeiro na região, fortalecendo a moeda local e aumentando os investimentos;
  • Estímulo à poupança: Taxas de juro mais altas podem incentivar as pessoas a economizar mais e investir em instrumentos financeiros de poupança, como contas de poupança e títulos, o que pode ser benéfico para a estabilidade financeira pessoal. 

Impactos negativos:

  • Custo dos empréstimos: Taxas de juro mais altas tornam o crédito mais caro para empresas e indivíduos. Isto pode desacelerar o crescimento económico; as empresas podem adiar investimentos e as famílias podem reduzir o consumo, já que os empréstimos são mais dispendiosos;
  • Impacto na habitação: Taxas de juro mais altas tendem a elevar os custos dos empréstimos hipotecários. Isto pode tornar a compra de imóveis menos acessível;
  • Impacto nas empresas: Empresas que dependem muito do financiamento de dívidas podem enfrentar custos operacionais mais altos, devido a taxas de juro mais altas, o que pode reduzir os lucros e capacidade de crescimento;
  • Impacto na moeda e exportações: Taxas de juro mais altas podem fortalecer a moeda local, o que pode tornar as exportações mais caras e menos competitivas nos mercados internacionais.

O aumento das taxas de juro na União Europeia afeta de forma desigual os vários países, sendo Portugal um dos mais afetados. As famílias portuguesas têm sentido um impacto significativo nos seus orçamentos devido ao aumento das taxas de juro.

Esta mudança nas taxas de juro tem também impacto no mercado de crédito habitação em Portugal, com um aumento significativo nos montantes negociados e nas amortizações antecipadas. Algumas das mudanças mais recentes incluem a transição de taxas de juro variáveis para taxas mistas e a alteração dos indexantes utilizados.

É importante destacar que, apesar das alterações indicadas, a taxa de juro variável ainda é a mais recorrente nos contratos existentes em Portugal. De acordo com dados do Banco de Portugal, em maio de 2023, cerca de 87,8% do total de crédito habitação estava indexado à Euribor, sendo que a maioria utilizava a Euribor a 12 meses como indexante.

Apesar de ter havido uma diminuição na proporção de contratos indexados recentemente, devido ao aumento dos contratos a taxa mista, a maioria dos contratos de crédito habitação em Portugal ainda está sujeita a variações nos indexantes. Isto significa que as famílias portuguesas são sensíveis às mudanças nas taxas de juro determinadas pelo Banco Central Europeu.
No entanto, a situação é diferente nos outros países europeus. De acordo com dados do Banco Central Europeu, a prevalência de taxas de juro fixas é mais comum em toda a União Europeia. Em maio do mesmo ano, apenas cerca de 21,84% dos empréstimos concedidos para a compra de imóveis na União Europeia estavam indexados a taxas variáveis.

Esta diferença significa que, em média, as variações nos indexantes têm um impacto menor nos outros países da União Europeia, em comparação com Portugal. Enquanto a União Europeia passou por mudanças significativas nas tipologias de taxas de juro associadas à habitação própria nos últimos 20 anos, Portugal manteve uma preferência pelas taxas variáveis, tornando-se assim mais vulnerável às flutuações nos indexantes. Esta diferença na estrutura dos contratos de crédito habitação entre Portugal e outros países europeus destaca a sensibilidade do país às políticas monetárias do Banco Central Europeu.

Em resumo, o impacto da subida das taxas de juro na UE depende de diversos fatores, incluindo o momento em que ocorre, a magnitude do aumento e as condições económicas gerais. Os bancos centrais geralmente ajustam as taxas de juro com base nas condições económicas para equilibrar os impactos positivos e negativos e promover a estabilidade económica.

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